Faz agora 15 anos que no estado de Chiapas, no sul do México, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) deu início ao seu levantamento armado, exactamente a 1 de Janeiro de 1994, o mesmo dia em que entrou em vigor o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, o TLCAN ou NAFTA.
Nesse dia, a guerrilha que leva o nome do camponês e revolucionário Emiliano Zapata que liderou o Ejército Libertador del Sur na revolução mexicana do início do século XX, tomou a cidade de San Cristóbal de las Casas e mais sete capitais de município. Os combates não duraram muito e em alguns dias o EZLN viu-se obrigado a retirar para a floresta.
A insurreição zapatista é de composição maioritariamente indígena e reclama direitos e justiça para os indígenas e para os pobres. A sua orientação política e a sua actuação aproxima os zapatistas de outros movimentos como os sem-terra no Brasil ou os piqueteros argentinos, os cocaleros bolivianos, o movimento antiglobalização na Europa e EUA ou o Abahlali baseMjondolo na África do Sul. A sua particularidade está na declaração que não pretende tomar o poder, uma característica libertária que deu origem a discussões intensas à esquerda com o seu ponto mais marcante na polémica em torno do livro do sociólogo e filósofo John Holloway de orientação marxista “Mudar o Mundo sem Tomar o Poder” que tem a insurreição zapatista como referência.
Na comemoração destes 15 anos ouve-se a voz do comandante zapatista David, no Caracol de Oventik, Chiapas:
“En quince años que nos han venido golpeando, hemos aprendido a resistir y a sobrevivir. Los pueblos originarios de estas tierras vamos a seguir adelante con la lucha que hemos iniciado, seguiremos adelante con dignidad y rebeldía los golpes del mal gobierno”
“el mal gobierno durante quince años ha formado, financiado y entrenado grupos paramilitares en todos los pueblos indígenas, para amenazar, provocar y dividir a nuestros pueblos”