Não és tu o confessionário, oh Papa! Somos nós; compreende-nos, e que os católicos nos compreendam.
Em nome da pátria, em nome da família, incentivas a venda das almas e a livre trituração dos corpos.
Temos, entre nós e nossas almas, suficientes caminhos para percorrer, suficientes distâncias para que neles se interponham os teus sacerdotes vacilantes e esse amontoado de doutrinas das quais se nutrem todos os castrados do liberalismo mundial.
Teu deus católico e cristão que, como todos os demais deuses, concebeu todo o mal:
1. Tu o meteste no bolso.
2. Nada temos a fazer com teus cânones, índex, pecados, confessionários, padralhada.
Pensamos em outra guerra, uma guerra contra ti, Papa, cachorro.
Aqui o espírito se confessa ao espírito. Não há deus, bíblia ou evangelho, não existem palavras que possam deter o espírito. Não estamos no mundo. Oh Papa confinado no mundo! Nem a terra, nem deus falam de ti.
O mundo é o abismo da alma! Papa caquético, Papa alheio à alma. Deixe-nos nadar em nossos corpos, deixe nossas almas em nossas almas. Não precisamos de tua espada de claridades.
Antonin Artaud