Sem dúvida, a condição econômica das repúblicas latino-americanas é semicolonial, e, à medida que se intensifica o capitalismo e, conseqüentemente, a penetração imperialista, este caráter de sua economia se acentua ainda mais. Mas as burguesias nacionais, que vêem na cooperação com o imperialismo a melhor fonte de lucro, sentem-se suficientemente donas do poder político para não se preocupar com a soberania nacional. Estas burguesias na América do Sul, que ainda não conhecem a ocupação militar ianque, não estão predispostas a admitir a necessidade de lutar pela segunda independência. O Estado, ou melhor, a classe dominante, não sente falta de um grau mais amplo e certo de autonomia nacional. A revolução da Independência está demasiado próxima, relativamente, seus mitos e símbolos demasiado vivos, na consciência da burguesia e da pequena burguesia. A ilusão da soberania nacional conserva-se em seus principais efeitos. Pretender que nesta camada social surja um sentimento de nacionalismo revolucionário seria um erro grave.
José Carlos Mariátegui